04/12/13


                                  "  CLXIV. desejo  "
 
 
_____________  há um encadeamento no voo de um pássaro sem nome.
     É uma ave de alerta, corvo-escuro, vindo de falésias costeiras. E o que encadeia são reminiscências de memórias, lidas num livro, em Parasceve.
      A legente sou eu, a tentar extrair de mim a aprendizagem do entendimento,
com quem me acasalei para toda a vida.
      Esta frase, li-a, pela primeira vez, em francês - por essa razão, não traduzo:
 
 
                       " Pour conserver une chose, il ne faut pas une cause moindre
                       que pour la créer à l'origine."
 
 
      Nos reflexos metalizados, vejo uma cotovia.
      Tais passeriformes são óptimos cantores, e ouvi esta a imitar a porciúncula - uma pequena porção do meu desejo.
 
      Uma revoada, com orlas pálidas no dorso, sobressaltou-se.
      Jorraram fluidos, impelidos por partículas de silêncio que se moviam com desigual intensidade: ____________ acautelar o silêncio____________  cumpri-lo efectivamente para que não nos rompa; verificar que ele é um Fluido, e que as imagens são ainda um simulacro das imagens do silêncio e que ___ sobre ele ___  a própria cor é inútil.
 
 
      Este silêncio ___ aqui ___, é por ainda papel que dominei com linhas de tinta e, ao relê-lo, inexprime-se porque eu choco o seu olhar quando o fluido se suspende sobre o seu fundamento.
 
 
                  " Querem conhecer mais sobre o mundo em que estais,
                  e para onde eu irei."
 
 
      e a mulher, que se há-de chamar "Umadelas", senta-se ao lado de si própria, e fica atenta às partes de ausência de vagido.
 
 
          ________  e suspendi.
 
 
 
   Llansol, Maria Gabriela. Amigo e Amiga, curso de silêncio de 2004. Lisboa: Assírio & Alvim, 2006, pp 217 - 218.
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